quarta-feira, 19 de agosto de 2015

35.


- Tanta coisa com o facebook. Depois ninguém lê, está no facebook. Então lê no facebook.

- Tudo é imediatamente tomado em possíveis impossíveis segundas terceiras intenções. Há sempre um plano palmado, estás a ver? Selfie de vida a nossa, que nunca nos faltem os retrovisores.

- O ditador é sempre o senhor da contabilidade, não que perceba de contas, mas percebe de castas. 

- Dias de marés vivas, prenúncios de mudança de estação? Pois, pois. Todos os dias. Vai muito não vai nada. Vem chega não vem foge. Todos os dias. Maré muito alta ou maré baixíssima. Então à noite... quando baixa aquela hora... a maré recolhe tanto que quase me deserto.

- Lobo solitário? Para já não é lobo. Nem dele nem de ninguém. Solitário? Bem, adora estar sozinho muito mais do que detesta estar sozinho - mas tantas vezes detesta estar sozinho, nem fazes ideia... Mas vai ver a qualidade do seu pêlo, não é pêlo de solitário, pêlo de solitário é mais áspero, nem se compara, o que este tem é uma característica semelhante que confunde bastante: não aguenta que o puxem - sai todo, que o esfrangalhem - é alérgico a chatos. 

Esquece, mas não te esqueças de esquecer. 

- Começas a objectivar o que não gostas. Seus porquês. Descobres coisas assaz interessantes. Da presunção ao saloio pedantismo, não saberias o que era não fosse o sabor amargo, esse ranço pretensioso, perfume por cima do cheiro, não fosse o cheiro o verdadeiro perfume. 

- Era falsa a afirmação mas soou sobretudo verdadeira, sobretudo porque era muito mais verdadeira, com muito mais verdade do que se tivesse sido de verdade.

- Furou a parede? Foi um acidente. Era só fachada.