sábado, 6 de junho de 2015

32.

Uma turista nova-iorquina nascida em Hong Kong bem te pode dizer que todos estes monumentos europeus no fim equivalem-se. Tudo velho. Quer portuguese cuisine e come umas tapas, também eu soube de uns alemães bebiam um vinho do Porto como vinho corrente,  quem sabe com umas gambas de permeio. Dinheiro torrado, torra-se. Diz que a América do Sul agora é que está a dar. Claro que é só nas zonas onde está a bombar, resortemo-nos pois de toda a violência, venha a nós o mundo novo que aqui cheira muito a tabaco.  A mim não cheira, respondo. Não acredito. Mas não há ninguém, contraponho. Não há, mas houve. Se foi há umas horas ou há uns dias não sei, mas houve. Cuidado, há governantes precavidos a legislar, nem no espaço público quanto mais. Tinha-me esquecido de John Le Carré. Também conta. Está metido na conversa. Claro que há aviões nos céus que não vemos. Estações que não conhecemos. Estações e terminais, no espaço e por aí fora fora o Big Money deixa os jornalistas tontos, é com cada noticiário. Não é preciso ter lido o melhor artigo de Miguel Sousa Tavares em anos para se saber o que é cada vez mais uma irrealidade. Pessoas não se sentem representadas. Então representem. Não sabem, coitadas. Contam o que conta do que conta. Aprontam-se a voltarem a dar o voto na ultra a um bando de impostores. É como o outro, foi reconduzido. Reconduzido no bando, perdão, no banco, no Banco de Portugal. Vá-lá que a minha amiga tem sorte e sempre se pode aproximar de alguma dessas estações directamente para o continente seguinte e não é o Continente Olivais Sul. Fazem lá ideia. Manhattan e um T1 a 5000€. Ali numa zona para o exclusivo. Os amigos piraram-se para os arredores. Fosse assim era todos os fins de semana em Veneza. Ou Las Vegas. Ou em Paris. Ou em Cascais onde ela diz que não há uma praia. Então se não é uma praia como queres tu que não seja minúscula? Queres ir a uma praia-praia vais ter de caminhar para lá da Boca do Inferno. Boca do Inferno, what is Boca do Inferno? Is the mouth of hell, very lovecraftian. Há muito vento, depois estamos em frente um ao outro. Socorro-me de Nietzsche e respondo que às tantas num casamento o que mais vale é a amizade... Já não preciso do grande filósofo alemão para dizer que quando se começa a competir com o parceiro está tudo estragado, o  prazo não sabemos... É um contar decrescente e a bomba pode nem explodir, se é um mês se dez anos... Há casos em ninguém dá por nada. A competição é desenfreada? Deviam ser amigos. Excesso de solicitações? Deviam ser amigos. Então e o amor? É preciso excluir o amor da amizade ou a amizade do amor? Claro que fica tudo sempre mais fácil se um levanta voo para qualquer lado, seja para o Irão, seja para as Filipinas, ainda não foste à Índia?