sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

A Zona Marco


O cinema ajuda a perceber o que está em causa. Os donos da Europa oferecem aos negociadores gregos o mesmo do que Michael Corleone no filme O Padrinho: "Nada." E sobre a natureza oculta da Europa em que nos encontramos, o melhor será revermos o Matrix. A zona euro é afinal a zona marco alargada a quem se portar bem. "A esfera pública europeia" é uma caricatura vertical de um diálogo que, se fosse entre iguais, teria de ser horizontal. A UE é uma máscara benevolente de onde espreita uma nova "balança da Europa", à beira de se desequilibrar estrepitosamente. Vergada sob a terceira tentativa, num século, de consolidação de uma modalidade de hegemonia germânica. Não sabemos os próximos capítulos desta tragédia, mas só os distraídos podem afirmar desconhecer como vai acabar".


O Bloco de Esquerda e a esquerda que quer fazer o PS virar à esquerda - qual bom escuteiro que quer ajudar a velhinha a atravessar a rua, apesar de não ser essa a sua vontade - não entendem que os tratados da UE estão formatados segundo os princípios do pensamento ordoliberal alemão e do constitucionalismo económico de Hayek. Isto significa que as regras de organização da economia da zona euro (o essencial da UE) estão blindadas contra as flutuações do ciclo político. Quaisquer que sejam as orientações ideológicas dos governos eleitos na UE, as normas reguladoras da economia e da política económica não podem mudar. A soberania dos estados-membros não está nem estará sujeita a uma soberania de nível superior (democracia federal), porque não há, e não é imaginável que venha a haver, um povo europeu.".