terça-feira, 9 de julho de 2013

Pregão da Tarde

Na praia um dia esplêndido, épico. Eu lia na areia, ou apanhava sol, não me lembro, sei que às tantas me ergui da toalha para ver o mar e dei de costas com alguém que parecia mesmo tu. Olha ela, pensei. Veio-me cair aqui hoje por milagre, só pode. Pormenor de requinte, ias à água com os elegantes óculos escuros - cheios de charme e estilo - postos. Nadavas sem molhar a cabeça. Quando voltavas foste directamente para a toalha e o que é que te puseste a fazer? Ora adivinha, a ler um livro. Trazias contigo duas pessoas, uma ela e um ele, os dois com um certo ar de centro ou norte da Europa, podiam ser holandeses, belgas, dinamarqueses, alemães... 
O tempo entretanto a passar, eu entre o extremo lúdico de um Elmore Leonard e o grave de um Miguel de Unamuno; o mar que refresca e o sol que preguiça; ia não ia, falava não falava, olhava não olhava. Entre tanto piraste-te com a amiga, julguei que tinhas ido para aquela esplanada de madeira suspensa onde se celebra o oceano com a bebida mais refrescante que conheço. Quase às sete da tarde passaríamos a uns dois metros um do outro. Tivesse sido real. Virtual também não era.