Na praia um dia esplêndido, épico. Eu lia na areia, ou apanhava sol, não me lembro, sei que às tantas me ergui da toalha para ver o mar e dei de costas com alguém que parecia mesmo tu. Olha ela, pensei. Veio-me cair aqui hoje por milagre, só pode. Pormenor de requinte, ias à água com os elegantes óculos escuros - cheios de charme e estilo - postos. Nadavas sem molhar a cabeça. Quando voltavas foste directamente para a toalha e o que é que te puseste a fazer? Ora adivinha, a ler um livro. Trazias contigo duas pessoas, uma ela e um ele, os dois com um certo ar de centro ou norte da Europa, podiam ser holandeses, belgas, dinamarqueses, alemães...
O tempo entretanto a passar, eu entre o extremo lúdico de um Elmore Leonard e o grave de um Miguel de Unamuno; o mar que refresca e o sol que preguiça; ia não ia, falava não falava, olhava não olhava. Entre tanto piraste-te com a amiga, julguei que tinhas ido para aquela esplanada de madeira suspensa onde se celebra o oceano com a bebida mais refrescante que conheço. Quase às sete da tarde passaríamos a uns dois metros um do outro. Tivesse sido real. Virtual também não era.