Henrique Fialho - Pedro Passos Coelho sugere aos jovens que emigrem ao mesmo tempo que se dirige aos portugueses enquanto pai. Isto já não é mera hipocrisia, é pura crueldade. Mais grave, é uma crueldade que não tem consciência de si própria. Eu não acredito que Pedro Passos Coelho seja sensível o suficiente para ter consciência do que anda a fazer.
Filipe Nunes Vicente - Os ideólogos deste governo ( desde os ex-maoístas convertidos a Oxford aos empresários sapientíssimos ) perceberam muito bem o país, e a sua mentalidade, e não foram nas cantigas do punhado de esquerdistas chic que enxameiam os media. Por isso este governo é do mais perigoso que já vi. O perigo reside no facto de saberem exactamente até onde podem ir.
João Pinto e Castro - De modo que a interpretação política da triste figura ontem feita por Passos Coelho - e, com ele, de Vítor Gaspar - é que conseguiram a indulgência da troika em relação ao fracasso do défice para 2012 a troco da garantia de redução da TSU há tão tempo exigida pelo alemão, pelo etíope e pelo careca. Sabe-se como a desvalozarição interna é cara ao FMI. Sabe-se também como ele deseja testar a teoria num país de razoável dimensão e complexidade económica como o nosso. O FMI encontrou no povo português o ratinho de laboratório ideal. Eles gostam de fazer experiências com animais.
Pedro Marques Lopes - Há um caminho, não pode ser dito em voz alta, mas há um caminho definido: é preciso esmagar os salários, é fundamental empobrecer violentamente, sobre todos, quem trabalha por conta de outrem. O que é preciso é chegar a um limite em que cada um de nós estará disposto a trabalhar dezoito horas por uma côdea. Para que esse homem novo surja é preciso destruir a economia, criar ainda mais desemprego, forçar mais empresas a falir (a taxa de IVA para a restauração está a cumprir na íntegra a sua função, por exemplo) e depois da destruição total da economia, como por milagre, tudo será maravilhoso.