sábado, 14 de julho de 2012

Ligação directa


Tenho andado a escrever bastante, na maioria contos, e quanto mais escrevo mais ideias tenho para escrever mais e mais fica por escrever, ideias essas que não servem esta página por onde agora quero entrarUm blogue não é um diário, não é, nem pode ser, o jornal de uma pessoa - nem jornal de coisa nenhuma, aliás. Não se coaduna com um registo rigoroso e factual de acontecimentos, serve, quando muito, visões e pontos de vista, é, se quiserem, uma lente potente para certos ângulos, formas de pensar e sentir,  re-misturas de invenção com realidade, às vezes pura criação. Ser aborrecido é a morte do artista, ser auto-indulgente também; o aborrecimento, a auto-indulgência, o erro, algum pedantismo, fazem parte do processo, podem ser atenuados, completamente dissipados,  mas uma vez ou outra lá se fazem anunciar. 
Ler blogues serve sobretudo para pôr as coisas em perspectiva, refrescar ideias, ganhar algum sentido de humildade com gente que escreve melhor que nós, que julga melhor, que sabe mais. Eventualmente “nós” também poderemos ter coisas que “eles” ou "elas" não tenham. É essa a graça da coisa, é daí que leio blogues desde 2003. Alguns deles (poucos, cada vez menos) são mesmo tão bons - até em baixo de forma - que conseguem entrar-me no sistema, que depois se habitua. Ler muito é importante, passe a redundância. E escrever pode ser tão importante como ler. Sobretudo para pensar, é que por vezes não se chega lá de outra maneira. Mesmo assim vejo-me aqui todo enferrujado. Pode ser da máquina. O blogue na volta tem uma personalidade, um carácter peculiar, um motor esquisito. Acho que a maioria não faz ideia do que é um blogue como deve ser, eu também não sei ao certo. Tenho um palpite, mas não me serve para post nenhum.