terça-feira, 14 de junho de 2011

Parvo parvalhão

A agressão é coisa do diabo, a agressão temos de estar sempre a lidar com ela. Ontem ligou-me para desabafar que ele a insultou violentamente ao telefone, já dois anos depois de ter acabado com a relação. “Como é que é possível? Tratou-me pior que lixo...”. Conhecendo-a tão bem e percebendo pelo tom onde a conversa ia dar, cortei mais rápido que a própria sombra. É simples, ligou-te porque é parvo, insultou-te porque é mesquinho, dois anos depois porque é um ressentido e ainda por cima de uma cabine telefónica, porque é burro. Tentei depois armar-me em engraçado sugerindo que soletrasse P-A-R-V-O à maneira disco sound anos 70. A rir assim meia desarmada – e eu também pela espontânea acabada pirosice – voltou à carga, “mas eu não mereço isto”, cortei então com os japoneses que quase apocalipsaram com um tremor de terra e não mereciam, com as crianças da Palestina, com o povo do Zimbabwe, com as mulheres da Arábia Saudita, com quem trabalha e vai à sopa dos pobres, que no limite quase ninguém merece, menos ainda aquele casal do prémio do euro-milhões se bem que ao contrário, que se deixe disso porque o gajo é um parvalhão. P-A-R-V-O. P-A-R-V-O. P-A-R-V-O. Não vês que ele quer-te com os hematomas da agressão? Com manchas de sangue na roupa. Não percebes que se te rires ele descarrila, que se o olhares de frente então não se levanta mais?

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