terça-feira, 21 de junho de 2011

O grau zero da política (II)


Bastava-lhe por exemplo marcar uma conferência de imprensa. Há uma semana atrás seria suficiente - que não reunindo os consensos necessários renunciava ao cargo e (por incrivel que pareça) saía airosamente do embaraço, inclusivé com nova força política, ainda reconquistava adeptos, o sortudo. Mas não, ambições assim desmedidas têm de ir até ao fim. A paga depois teve-a com juros - e foi vê-lo expectante, isolado, meio acossado, com vontade de se esconder debaixo do chão mas nem assim perdendo aquela estrondosa vaidade, e no final, na curta declaração, em todas as entrelinhas dando ares de revolta e indignação como que culpando o mundo tal como antes tinha acusado alguns dos seus milhares de ex-fãs do Facebook de conspiração para o derrubar pelo simples facto de se terem indignado pela sua indignidade. Fernando Nobre cometeu o pecado de mostrar o (mau) jogo. Todo o jogo.  Agora como deputado, se entretanto não renunciar, não só tem muito trabalhinho a fazer como ainda por cima sabe que os outros sabem que ele sabe que está ali apenas para ser a estrela da companhia.