domingo, 24 de abril de 2011

Take 1



Filme sobre um filme dentro dum filme, "Road To Nowhere" é um filme sobre o próprio cinema, com planos, cenas e personagens sobrepostos em notáveis efeitos surpresa impossíveis de poder ser inteligíveis num primeiro visionamento pois tudo ali é jogado em enigmas de enigmas de um puzzle em que só vendo e reparando mais uma vez poderão encaixar melhor todo o enredo no misterioso e surpreendente final. Entretanto sobra a beleza dum cinema que em Monte Hellman vive além do espaço e tempos convencionais de um filme. Quantas vezes me lembrei de "Two Lane Black Top" ao ver "Road To Nowhere", talvez por serem feitos da mesma gramática, duma ideia difusa de principio e fim, de partida e chegada, onde sobretudo existe o prazer e mistério da fruição e todo o concreto se dissolve em Cinema. 
O que talvez me falhe em "Road To Nowhere" é Mitchell Haven, o alter-ego do realizador, que não me parece convincente o suficiente para sair do registo just pretending to. Mas como vou ter de ver tudo outra vez...





Adenda: Leio agora no Ipsilon, através de Luís Miguel Oliveira, que Monte Hellman disse  "não basta vê-lo duas vezes". E se há coisa que ele não tem é espírito comercial...