sábado, 29 de janeiro de 2011

Eu, Vário


Sou Vário, consigo ser vários. Eles existem e não há nada a fazer contra vários Vários. Tantos há que me conhecem e apenas sabem que existe um Vário em tantos outros Vários que sou. Nem se apercebem. Do taberneiro ao produtor de cinema, do cromo da bola ao revolucionário comunista, da dona de casa à artista multi-facetada, do blogger de direita ao anarquista do bairro. E assim sucessivamente, numa corrente interminável de Vários. Todos pensam que sou o Vário mais de casa deles. Ou tendem a pensar, ou querem pensar, não sei. Nem penso que tenha culpa, eu não finjo - todos esses vários são autênticos, emanam do mesmo Vário. São parte de mim e de mais ninguém. Além do mais, gosto muito dos meus amigos. 
Todos esses Vários têm uma constante. Um ponto onde as ramificações e encruzilhadas se encontram. Esse ponto, essa união, essa única constante entre todos os Vários, é o Vário que escreve. Ele é o centro, o chefe, o comando da acção, o nucleu criador de Vários. E os vários Vários acabam por ser o combustível, a lenha e o carvão para o núcleo criador poder carburar, fazer a combustão. 
É uma coincidência feliz, mas nenhum Vário finge, nem sequer tenta o cínismo. Todos eles lutam de verdade pela variedade de ser Vário. Ou vice-versa.